Estas lindas criaturas, estiveram lá. Hoje elas são assim, sorridentes e felizes. Nem parece que fizeram parte desta história narrada pouco abaixo. Mas as glórias geralmente são construídas,sobre as derrotas. Não que fossemos derrotados quando estivemos vivendo naquele local, pelo contrário, este lugar foi de onde tiramos força para vencer, e hoje estarmos ocupando uma vida boa, sem riqueza, mas livre de muitos aborrecimentos e transtornos que existe na vida de quem não vence o mal e se deixa levar por ele.
A linguagem é toda estranha, não estranhe. É tanto coisa que a vida cria, que passamos a juntar coisas e frases e momentos... E um amontoado de momentos acabam se tornando inevitavelmente em criação de histórias e conto para contar para o mundo inteiro. É assim que que todo mundo conhece a força que a vida tem, nesta terra de meu Deus.
Viver em carne e osso a vida fora da realidade, na verdade, ninguém vive. Andar por onde normalmente uma pessoas prefere não nadar; foi onde encontrei as minhas criações. E não foi diferente na história com os Pintaildos.
Viver num "Buraquinho", talvez ninguém vive ou quer viver. Mas nós vivemos.
Sabe, modéstia aparte, é pra lá de legal. Nossa! Se enfiar dentro de um "Buraquinho", num dia frio, é bom de mais. E não ter muito que limpar, é ainda melhor.
Entremeio de luxuosos casarões de vida normal eu vivia. Entremeio de gente de vida normal, eu existia. Caminhar por ruas de gente civilizada e de certa forma abastada é até desconfortante, quando se é vista como sendo "os moradores daquele quintal infernal" .
Encravado no meio de uma rua de classe alta da Freguesia do Ó, um aglomerado de casinha pequenas, abastadas por um farto quintal, existia. Escondidos sob uma destas residências mínis estávamos. Ao bem da verdade, isto nos fazia, de certo modo, privilegiados. Pois estávamos tão escondidos, que descobrimos que nãos nos entravamos nas listas dos mal feitores e arruaceiro dos ilustres moradores ali do bairro de Itaberaba.
As pessoas que habitavam aquele quintal, eram de fato de mal génio e torturadoras de vizinhos. E se não bastassem as algazarras, brigas e loucuras pós bebedeiras, a vizinhança tinha que aguentar os atiradores de pedras, que tinham menos de sete anos. Estes vis atiradores, quebravam inúmeras vidraças diárias. E os vitimados não tinham como identificar estes vândalos mirins. Para o azar de muitos, estávamos numa baixada, e as mansões nos altos. Deus, era triste ver a destruição dos grandes pelos pequenos. Imagino como deveriam ficar os donos dos imensos palacetes, ao verem suas vidraças estraçalhadas por pedras atiradas do nada, por nada. Deveriam consultar os infernos todos os dias para ver se o Demo entregava seus pertencidos que estavam destruindo suas casa valiosas.
Bem. Deu para notar como foi fácil escrever - Pintaildos-
As aventuras de 2 Pintaildos No quintal da Cidade
No quintal,
Os pintaildos chegaram acelerados:
-Cóóóóócóóóóóócó...
(Oi! Eu me
chamo pé-ligeiro).
-Cóóóóóóóóóóóóócó...
(Oi! E eu sou
bico-fino).
Foi um tanto esquisito,
Ver aqui na cidade,
Dois pintaildos, Em velocidade.
E,
O que acharam nossos amiguinhos empenados?
Falou Pé-ligeiro:
-Có, óóó, có, có, óócó.
(Adorei! Vou
ciscar ligeiro o quintal inteiro!)
Cantarolou bico-fino:
-Có, óó, óóó, cóóó.
(Afinado!
Cantarei com meu bico-fino, como se fosse um violino!)!
Por esta,
A dona minhoca
não esperava:
-Ahhhhhhh! Hoje o sol está quentinho!
Relaxada,
Dona minhoca estava esticadinha no gramadinho,
Foi uma correria,
Pé-ligeiro,
Num lance de
sorte,
Encontrou
nossa amiguinha do gramadinho,
E,
Bico-fino,
Foi logo tirar
satisfações:
-Có,có,có,có,cóóóóóócó! CóCó!
(Hei! Aqui neste quintal não tem lei! Sem esta
de rei do galinheiro. E nem o tal de quem chegar primeiro)!
A minhoca roliça,
Rolou no
gramado a resmungar, tratando de despistar os novos habitantes indesejados:
-Ora esta! Pensei que aqui no quintal da cidade não existissem galinhas.
Acabaram com o meu sossego! Este quintal agora ta parecendo um galinheiro.
Os amiguinhos viram que estavam sendo enganados, ou melhor, enrolados:
-Có, có, cócócó!
(Olhe
pé-ligeiro! A guloseima está fugindo).
-CócócóCó.
(Calmo
bico-fino. Daquela pedra ela não passa).
-Zaaaaapt!
Num abrir e fechar de bico,
Pé-ligeiro,
Estava com o
petisco no bico.
Bico-fino,
Não se deu por
enganado,
E,
Na outra ponta
da minhoca,
Segurou firme
com seu bico de violino.
Soltar?
Tititititititititit.
Pobre Minhoca!
Virou uma
espécie de elástico,
No bico dos
amigos empenados:
Um deles;
Eeeeessssstiiiiiiicaaaaava
pra lá!
O outro;
Eeeeessstiiiiicaaaaava
pra cá!
O que fazer
para não sair desta enrascada,
Quebrada?
Graças as suas
ginásticas,
A minhoca não
sofreu maiores danos,
E pode com
tranqüilidade falar com seus perseguidores.
De tão
esticada que estava, espremendo-se para falar, optou por falar na língua do
“i”:
- Pirqui vicis
ni ispirim i timir imi quirsinhi nisti sil bim quintinhi mis imiguinhis?
(Por que vocês
não esperam eu tomar uma corsinha neste sol bem quentinho meus amiguinhos?)
Os pintaildos;
Espertos e
meio desconfiados;
Sem, no
entanto largar o petisco,
Resolveram
falar na língua do “Ó”.
Bico fino de
bico trancado falou:
- Óooo,ÓÓÓóóóóóó!
(Nada pior do
que comer minhoca descorada!!!!!)
Pé-ligeiro
bateu o pé em protesto:
-
ÓÓÓÓ!Óóóóóóóóóóóóó!
(Baaaah! Não
se pode comer minhoca de qualquer jeito aqui na cidade!?!?)
Desta a dona
minhoca estava perto de escapar. E para isto acontecer o mais rápido possível;
Fez o que mais
sabia fazer. Encheu a cabeça dos pintaildos de minhoca, voltando a falar na
língua do “i”:
- Is minhiquis
di cididi, ni, invirni fiqui brinquis. Pir issi ilis pricisim timir sil.Vijim
isti qui i piri birri!
(As minhocas
da cidade, no, inverno ficam brancas. Por isto elas precisam tomar sol. Vejam!
Estou que é puro barro)
Bico-fino rapidamente
largou o petisco, e cuspiu repetidas vezes no chão:
-Cóf, Cóf!
Minhoca de puro barro! Que Horror!
Pé-ligeiro
abriu ligeiro o bico. Era demais para ele comer minhoca recheada de barro.
A minhoca com
as pontas solta, e inteira, encolheu de forma que sua forma natural voltasse ao
normal. E sem perda de tempo, entrou no buraquinho:
- Zuuuuupt!!!!
Quando viram a
cena. Os pintaildos ficaram de bicos abertos.
E partiram
para uma calorosa troca de acusações:
-
CóCóCóóóóó.óóó´!!
(Foi
sua culpa seu bico desafinado!)
-CÓCÓ!Cóóóócóóó´!)
(Não
Não.Foi seu pé-rapado)
Os insultos
pareciam não terem fim.
Distraídos,
quando perceberam, era tarde de mais.
Uma porta fora
aberta.
Dela saiu em
disparadas dois pastores prá-de-alemães.
E..........De
caçadores,
Os pintaildos
passaram a ser a caça.
Foi um Deus
nos acuda!
O quintal se
transformou num campo de batalha.
Era,
Cães pulando
de um lado e pintaildos jogados do outro, feito petecas.
Eis que surge
uma saída, para os quase despenados pintaildos.
Bico-fino,
Sem fôlego,
gritou para o amigo, quando vira uma pequena porta no fim do túnel, ou melhor,
no final do quintal:
- CÓÓÓÓÓ!!!
( Pro banheiro
companheiro!!!)
Aliviado
pé-ligeiro respondeu:
-Cócócoóóóó´!!!
(Amigo! Estes camaradas
são mesmos uns cãoniceiros!)
Na manhã
seguinte.
Trancados no
banheiro.
Final de
madrugada.
Os dois
pintaildos despertam.
Era hora de se
prepararem para a cantoria.
As
apresentações eram muito bem ensaiadas.
Primeiro
subiram no trono.
Limparam as
gargantas.
Bateram as
asas ruidosamente.
E abriram o
bico para o mundo inteiro ouvir:
- Co-cori-cóóóóóóóóó.
-Co-Cori-cóóóóóóóóó.
-Co-Cori-cóóóóóóóóó.
Foi uma
cantoria de tirar o sono.
Não teve
cristão que não pensasse no fim da dupla empenada.
Porem o fim da
dupla aconteceu,
Bem antes do
que se imaginava.
Ninguém ensinou para os pintaildos,
Que não se deve entrar no quintal do visinho,
Sem ser convidado.
E,
Quando os
amigos ciscavam o jardim da casa do visinho,
Pela segunda
vez!
Desatenciosos
como sempre,
Não perceberam
que dois pares enormes de olhos negros,
Os vinham
seguindo passo a passo, desde o momento que adentraram na casa.
O dobermann
esperou pacientemente pelo momento certo:
-Venham
mais... Mais... Mais... Mais...
GLUUUUUPT!
Somente muito
tempo depois,
Ficou se
sabendo da desgraça.
O vestígio de
penas ao lado da casa do suspeito foi a prova,
De que os
pintaildos,
Foram...
Almooooooçados!
FIM
Texto- Francis
Nascivalen
Francis.