
Ano de 1969.
Vila de Ana Dias era constituída de “Um”
- Um armazém
- Um colégio
- Um posto de gasolina
- Uma estação de trem
- Um cemitério.
E
- Uma serra.
Embora Ana Dias fosse cercada por várias serras, só existia Uma Serra para os habitantes da pequena vila. A Serra do Canto do Pássaro Encantado.
Os proprietários do único armazém, Zé Pernambuco e Maria Portuguesa, eram os únicos que conheciam os moradores da Serra do Canto do Pássaro Encantado.
E os descrevem assim:
- Silvio, filho da Serra. É um caçador de caçador. Ele combate a matança dos animais das matas. Não tem família. Seus pais morreram quando ele ainda era muito pequeno. A Serra é a sua mãe e os animas que vivem nela, seus irmãos.
- Lourenço. Também é caçador de caçador. Ele tem um irmão. No armazém o chamam de Irmão-do-meio, porque por último vem à irmã, Conceição, uma bela criação da Natureza.
Comenta-se na vila que muitas garotas ficaram atraídas pelo belo porte do Caçador de Caçadores Sílvio. Ele era moreno, alto, de tez enigmática. Nada de sorriso fácil. Sempre atento, e de ar reflexivo. Nunca demonstrou qualquer interesse por garota alguma da vila de Ana Dias. Isto porque ele já tinha sua escolhida.
Do tipo caladão, Silvio na verdade viu Conceição crescer. Isto ninguém sabia. Nem mesmo os donos do armazém.
Poucas foram às vezes que se falaram. Silvio e Conceição se comunicavam através dos olhos. Bastava ela olhar para ele, que logo seus desejam eram prontamente atendidos. Quando Conceição queria uma goiaba, buscava o olhar atento de Silvio, que sem quaisquer dificuldades, subia no galho mais alto para pegar-lhe a melhor fruta. A menina às vezes nem mesmo agradecia. Era ainda muito jovem. Não tinha ainda intenção de enamorar-se; e nem mesmo sabia o que era isto. Pesar disto ela adorava faze-lo sofrer. Quando Silvio vinha com os irmãos busca-la nas imediações da escola única da vila, a menina adorava vê-lo disputar com os outros garotos, quem conseguia pegar as melhores amoras que abarrotavam os pés de amoreiras que ficavam dentro do cemitério único da vila. Também era o local que as amoras eram mais doces e grandes. Diziam que o terreno era fertilizado pelos mortos de Ana Dias, a causa dos pés de amoreiras serem bastante desenvolvidos e seus frutos bastante açucarados.
Um dia ela passou dos limites. Caminhavam, Silvio os irmãos e a irmã, juntamente com alguns amigos de escola, Estavam andando numa estrada estreita. Conceição vislumbrou algumas amoreiras, destas silvestres, que sobem em ramas por outros galhos. Desafiou os meninos, incluindo Silvio, que aquele que trouxesse as melhores e mais vermelhas amoras, ganharia o direito de andar a seu lado pela viagem inteira. Sílvio suspirou. Talvez aquela fosse à chance de ficar sozinho ao lado dela sem o seus irmãos. Naturalmente, Silvio e os garotos foram todos parar dentro de um riacho de águas cristalinas e frias que corria silenciosamente debaixo dos galhos por onde subia as ramas de amoreira. Eles não o viram, mas Conceição sim. E riu a valer dos rapazes que surgiram na estrada totalmente ensopados, e alguns até com alguns arranhões mais serio, o que não despertou qualquer sentimento de piedade na menina que continuou a rir.
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